A campanha AMANAUS, que começou no dia 6 de julho por três semanas, foi implantada para observar a evolução do rio Amazonas e entender a transferência de sedimentos dos Andes para o Oceano Atlântico, bem como seu tempo de trânsito dentro do rio.

No âmbito de uma campanha inédita do Serviço Nacional de Observação HYBAM elaborada pelo IRD, Ifremer, Escola Universitária de Pesquisa ISBLUE, CNRS, Agência da Água do Brasil, Serviço Geológico do Brasil, Universidades de Manaus (UFAM), Brasília (UnB) Nantes, Brest e Toulouse, 15 pesquisadores e engenheiros brasileiros e franceses mediram o rio Amazonas de todos os ângulos, desde a superfície até várias centenas de metros dentro de seu leito. O objetivo era medir e quantificar os fluxos de sedimentos e entender suas origens e dinâmicas atuais e passadas. Com mais de 100 metros de profundidade em alguns pontos, o leito do rio é muito pouco conhecido, com sistemas de dunas submersas, ou "barkhanes", com mais de dez metros de altura e centenas de metros de largura, que se propagam a uma velocidade distinta das águas do rio. A profundidade dessa camada inferior e a formação e o curso dessas dunas ainda precisam ser explorados.

Os segredos da Amazônia

Carte satellite de la zone explorée | Campagne AMANAUS

© IRD | Campagne Amanaus

O fundo do rio Amazonas é um segredo que pode nos ajudar a entender melhor as variações climáticas passadas e presentes, bem como as modificações induzidas por mudanças regionais, como o desmatamento. O rio Amazonas transporta mais de um bilhão de toneladas de sedimentos por ano para o Oceano Atlântico. Esse transporte ocorre em diferentes escalas de tempo, de algumas semanas a milhares de anos, dependendo das condições climáticas e tectônicas que modulam esses fluxos dos Andes. Esses fluxos de sedimentos resultam da erosão do solo sob a influência do ciclo de chuvas. A bacia amazônica é uma bacia continental que se estende por uma grande parte do continente sul-americano. A precipitação que alimenta seus rios é, portanto, controlada por processos de grande escala nos oceanos Pacífico e Atlântico. Portanto, há uma ligação direta entre o transporte de sedimentos medido no rio e o clima global, e a medição desses fluxos de material fornece uma visão do clima atual e recente.

Uma grande exploração

Durante a campanha AMANAUS foram implantadas ferramentas de hidrologia,sensoriamento remoto, geoquímica, sísmica e acústica marinha. Os dados serão analisados pelas equipes franco-brasileiras e permitirão também completar as observações do SNO HYBAM, que registra as mudanças do ciclo da água na Amazônia há 20 anos.Essa campanha reuniu serviços operacionais e equipes universitárias do Brasil, parceiros de longa data do IRD e do HYBAM no Brasil. A campanha, particularmente ambiciosa, esteve sendo realizada simultaneamente com dois barcos em uma rota de 700 quilômetros. Ela esteve sendo realizada durante o pico da cheia anual do Amazonas, com fluxos de mais de 220.000 m3/s, um período em que as águas do rio se derramam em seu leito principal, muitas vezes com mais de 20 quilômetros de largura.

Um primeiro barco se concentrou nos fluxos suspensos na coluna de água, diretamente influenciados pelo clima atual e pela degradação do ambiente amazônico, e realiza medições de fluxo, radiometria, sedimentos e geoquímica. Essas medições serão utilizadas para calibrar as imagens que permitem seguir, a alta resolução, os fluxos sedimentares do espaço no âmbito dos projetos de hidrologia espacial desenvolvidos pelo IRD com a Agência da Água do Brasil.

O segundo barco, ao sondar o fundo do rio, permitiu alcançar depósitos sedimentares de várias idades, testemunhas dos controles geodinâmicos e climáticos ao longo de milhares de anos. A integração das diferentes medidas proporcionará uma visão inédita sobre as transferências de matérias continentais e a sua variabilidade a curto e longo prazo.

 

Principais laboratórios envolvidos:

Contatos

Jean-Michel Martinez (IRD) : jean-michel.martinez@ird.fr

Marina Rabineau (CNRS) : marina.rabineau@univ-brest.fr