Com o seu fluxo recorde, curso gigantesco e embocadura imensa, o rio de todos os superlativos experimenta marés muito grandes e variáveis.
O gigante dos rios gera o gigantismo dos fenômenos naturais! Os trabalhos, realizados por cientistas do IRD, do Serviço Geológico do Brasil e da Universidade de Brasília, revelam a influência colossal dos ciclos hidrológicos no regime das marés oceânicas no Amazonas. O poderoso fluxo marinho proveniente do Oceano Atlântico consegue entrar no estuário através do seu delta terminal, e subir o curso do rio até 800 km no interior, apesar de um caudal fluvial recorde de 200.000 m3/s. No entanto, o modelo digital original, desenvolvido pela equipe franco-brasileira, destaca a forte influência das águas altas e baixas sobre as características da onda da maré. Esta é fortemente atenuada nas estações de cheia, empurrada para trás pelo afluxo maciço de água do continente. A sua influência não ultrapassa então 500 km no interior, ou mesmo 400 km em anos de grandes cheias. Por outro lado, durante períodos excepcionais de maré baixa, a maré alastra para montante muito mais longe da foz, para além dos 800 km.
Este conhecimento abre o caminho para uma melhor compreensão da hidrodinâmica do sistema amazônico e dos impactos de eventos extremos do nível da água na ecologia do ambiente e na socioeconomia das populações ribeirinhas expostas a inundações crônicas. Além disso, contribuirão para a segurança da navegação entre os inúmeros bancos de areia em mudança, que pontilham esta rota fluvial essencial para a economia mundial.
Contacto :
Fabien Durand, LEGOS (IRD/CNRS/CNES)