Updated 05/01/23

A presença do IRD (ex-ORSTOM) no Brasil começa em 1958 com a missão de patologia vegetal no Instituto Agronômico de Belém, e continua com a assinatura do primeiro acordo geral de cooperação técnica e científica entre a França e o Brasil em 1967, encorajando o desenvolvimento de parcerias com instituições brasileiras durante a década de 1970. Em 1981, o acordo de cooperação com o CNPq formalizou a cooperação científica franco-brasileira.

 

No panorama da pesquisa brasileira, o IRD distingue-se pela colaboração com parceiros científicos locais e pela sua ênfase no desenvolvimento das capacidades do país. Para os seus parceiros brasileiros, o Instituto é uma mais-valia para a internacionalização das pesquisas em cooperação. Outros aspectos essenciais são a orientação das questões de pesquisa sobre temas relacionados com preocupações da sociedade e o caráter pluridisciplinar dos programas de pesquisa, dois elementos que tornam os pesquisadores atores nas transições ambientais e sociais a serem levadas a cabo. Dessa maneira, o IRD posiciona-se como um ator na ciência da sustentabilidade, esforçando-se por implementar uma ciência participativa que inclua os grupos sociais e as comunidades envolvidas como co-construtores dos programas de pesquisa.

Brésil Nord

© Marie-Paule Bonnet

Amazônia

A colaboração científica do IRD na Amazônia brasileira começa em 1981, quando foi assinado o primeiro acordo-quadro com o CNPq. Atualmente, o IRD mantém uma atividade de pesquisa significativa por causa das muitas questões que cristaliza este vasto território para enfrentar os desafios da transição social, econômica e ambiental. O bioma amazônico ocupa cerca de 49% do território brasileiro.

A Amazônia Legal (termo utilizado para descrever os estados brasileiros que têm uma parte significativa do bioma amazônico) tem uma área aproximada de 5.217.423 km² e corresponde a cerca de 61% do território brasileiro e 65% da Amazônia como um todo, e tem a mais baixa densidade populacional do país com 4 habitantes por km². A Amazônia legal também contém parte da bacia amazônica, a maior do mundo, com cerca de 20% da água doce do planeta. A Amazônia, particularmente no Brasil, é um dos principais focos de preocupação internacional em relação à mudança do clima e ao desmatamento. A pesquisa atual centra-se no monitoramento dos recursos naturais (água, floresta) e da qualidade do ar, sobre as populações amazônicas, o estudo dos meio ambientes do passado, e sobre a epidemiologia nas zonas de fronteira.

  • Observar e seguir as mudanças : a água, o ar, a floresta

    Na era das mudanças climáticas e da crescente pressão antropogênica, os dados sobre a evolução dos recursos hídricos são elementos chave.

    Na Amazônia, a utilização e análise de dados de satélite permitiu um salto qualitativo no estudo da quantidade e qualidade das águas superficiais, particularmente nos principais rios, zonas de inundação e águas subterrâneas, ou aquíferos. Por um lado, trata-se de conhecer a evolução sazonal do nível dos rios, elemento essencial, em particular para a previsão de eventos extremos aos quais as populações estão sujeitas (seca, inundações), fornecendo elementos tangíveis para uma melhor gestão do risco por parte dos decisores. Trata-se então de estimar o armazenamento da água nas zonas de inundação, e de modelar as transferências entre estas zonas e os rios. Sobre a qualidade, estuda-se a variabilidade no tempo e espaço do transporte de elementos químicos pelos rios, os intercâmbios de materiais com as planícies aluviais, e como esses processos influenciam a qualidade da água. Finalmente, o armazenamento ou emissão de carbono para a atmosfera nas planícies aluviais tem um papel na mudança do clima.

    O desmatamento na Amazônia é um tema mobilizador a nível internacional, dado que é uma questão crucial para a redução das emissões de gases com efeito de estufa no Brasil. De fato, 72% destas emissões são devidas ao uso da terra e à agricultura. O desmatamento, consequência direta dessas atividades, aumentou 85% em 2020 em comparação com 2018. Na Amazônia legal, porém, o desmatamento é uma realidade em contraste: alguns estados amazônicos, como o Pará, concentram a maior parte do fenômeno. Portanto, para compreendê-lo e tentar evitá-lo, é essencial ter instrumentos de controle por satélite que seguem permanentemente o fenômeno, e o olhar informado dos pesquisadores para registrar as evoluções.

    A qualidade do ar na Amazônia é regularmente comprometida pelos incêndios florestais, por vezes fora de controle, causados pelo desmatamento e pela manutenção da qualidade do pasto. No entanto, esta é uma questão de saúde fundamental. Na Amazônia, o impacto e a monitorização da poluição antropogênica e natural por partículas finas é uma preocupação em áreas transfronteiriças, espaços que levantam a questão das diferenças nos quadros legais, medidas de segurança e normas para a poluição da água e do ar. Por conseguinte, a pesquisa centra-se nos impactos destes poluentes, mas procura também influenciar a harmonização das jurisdições e sensibilizar as populações para esta questão ambiental e de saúde pública.

    Palavras chaves

    Recursos hídricos; Risco; Desmatamento; Amazônia

    Principais parceiros brasileiros

    Universidades
    • Universidade Estadual do Amazonas (UEA)
    • Universidade Estadual do Amazonas  (UFAM)
    • Universidade Federal do Pará (UFPA)
    • Universidade Federal do Amapa (UNIFAP)
    • Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS)
    • Universidade Fedral Fluminense (UFF)
    Serviços estatais
    • Agência Nacional da Água (ANA)
    • Instituto Geólogico Nacional (CPRM)
    • Centro Nacional de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN)
    • Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)

    Estruturas de pesquisa

    Unidades de pesquisa francesas

  • Populações indígenas e locais

    A Amazônia, longe do clichê da floresta virgem, é habitada por populações indígenas e populações locais resultantes de sucessivas ondas de migração. Neste contexto, muitos projetos de pesquisa estão interessados nestes grupos e na sua relação com o ambiente. Por exemplo, a adaptação das populações às alterações climáticas é estudada por um programa de pesquisa pluridisciplinar que visa encontrar com os intervenientes locais, soluções para a preservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos nas planícies aluviais da Amazônia e para fornecer apoio à tomada de decisões locais e regionais. Outros programas centram-se nas populações indígenas e tradicionais e na sua relação com o ambiente (agrobiodiversidade, conhecimentos tradicionais e ancestrais) no contexto de crescente pressão antropogênica e do agronegócio.

    Palavras chaves

    Biodiversidades; Agricultura sustentável; Mudança climática; Saberes tradicionais

    Principais parceiros brasileiros

    Universidades
    • Universidade Federal rural da Amazônia (UFRA)
    • Universidade de Brasília (UnB)
    Serviços estatais
    • Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
    • Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG)

    Estruturas de pesquisa

    INCT ODISSEIA

    Unidades de pesquisa francesas

  • Meio ambientes do passado

    Como explicar que a floresta amazônica seja uma reserva tão elevada de biodiversidade? Para responder a esta pergunta, precisamos olhar para trás no tempo... para estudar as variações climáticas e ambientais do passado. Os programas de pesquisa na bacia amazônica procuram caracterizar a evolução do clima nos últimos 100 milhões de anos, resultados que nos ajudarão a compreender a extrema biodiversidade dessa floresta tropical.

    Palavras chaves

    Biodiversidade; Clima do passado; Ambientes antigos

    Principais parceiros brasileiros

    • Universidade de Brasília (UnB)
    • Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
    • Universidade Federal do Pará (UFPA)
    • Universidade Federal do Acre (UFAC)

    Unidades de pesquisa francesas

  • Epidemiologia nas fronteiras

    O ambiente, as suas mudanças e as relações entre as sociedades humanas e o ambiente são elementos decisivos para compreender as desigualdades na saúde e as suas dinâmicas em várias escalas espaciais e temporais. Para decifrar estas complexas interações, um programa de pesquisa interdisciplinar visa desenvolver a geografia da saúde e o estudo das arboviroses transmitidas por mosquitos do gênero Aedes (Dengue, Zika, Chikungunya, febre amarela). A pesquisa é realizada em particular nas zonas de fronteira: entre Brasil e a Guiana francesa, e  na tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru. De fato, os contextos sociopolíticos dos territórios transfronteiriços tendem a aumentar a vulnerabilidade das populações e a dificultar a implementação de estratégias e políticas para o controle eficaz de doenças transmitidas por vetores, tais como a malária (legislação, diferentes sistemas de saúde, etc.). Estudá-las nas fronteiras proporciona um "laboratório" ideal para caracterizar, compreender e organizar o papel que esse lugar desempenha na saúde da população.

    Palavras chaves

    Saúde pública; Geografia da saúde; Meio Ambiente; Doenças vetoriais; Fronteira

    Principais parceiros brasileiros

    Universidade

    Universidade de Brasília (UnB)

    Serviço estatal

    Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

    Estruturas de pesquisa

    LMI SENTINELA

    Unidades de pesquisa francesas

Pêche Brésil

© IRD

Nordeste

A colaboração científica no Nordeste começa desde os inícios do IRD no Brasil e é formalizada no final da década de 1960. Esta região tem entre os mais baixos níveis de desenvolvimento do país (um IDH médio de 0,660 em comparação com 0,753 para os estados do sudeste), é caracterizada por uma elevada vulnerabilidade aos riscos climáticos (particularmente secas severas, mas também eventos extremos) e uma estrutura social altamente desigual. As mudanças climáticas e a crescente pressão antropogênica (dinâmica urbana, crescimento populacional) tornam esta região em um lugar de riscos e desafios sociais.

É também um território caracterizado pela sua fachada no Atlântico tropical, cuja estrutura física e biológica é ainda pouco conhecida apesar das implicações que começam a ser documentadas no equilíbrio climático regional e global. Assim, a pesquisa centra-se tanto na zona continental semiárida, na gestão e utilização de recursos (água, solo, biodiversidade, energia), como no oceano através das ciências marinhas (fenômenos físicos e biológicos) e do estudo da biodiversidade terrestre.

  • Meio ambiente, água e solos

    A gestão dos recursos hídricos, do ambiente e dos solos é uma questão importante na zona semiárida do Nordeste brasileiro. De fato, o crescimento urbano, caracterizado pelo desenvolvimento de pequenas cidades com ligações estreitas às zonas rurais, é acompanhado por uma pressão crescente sobre estes recursos. Neste contexto, é difícil garantir a segurança do abastecimento de água, a segurança alimentar e a segurança energética de uma população com necessidades crescentes, tanto para usos comuns como produtivos, como é o caso da água agrícola. Esta questão está diretamente ligada à da conservação e da luta contra a desertificação, especialmente na Caatinga ("floresta branca" na língua indígena tupi-guarani), um bioma semiárido com um nível muito elevado de biodiversidade, fortemente ameaçado pelas atuais mudanças climáticas, com um aumento da frequência das secas e da disponibilidade de água. Através de vários programas de pesquisa, o objetivo é obter uma melhor compreensão do Nordeste semiárido, em particular para tentar fornecer soluções sustentáveis nesta região de grandes desafios sociais.

    Palavras chaves

    Água; Segurança alimentícia; Segurança hídrica; Segurança energêtica; Semiárido; Caatinga

    Principais parceiros brasileiros

    Universidades
    • Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
    • Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
    • Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
    • Universidade Federal da Paraíba (UFPB) https://ufpb.br/
    • Universidade Federal do Rio Grande Do Norte (UFRN)
    • Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
    • Universidade de Pernambuco (UPE)
    Serviços estatais
    • Fondação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME)
    • Instituto Nacional do Semiárido (INSA)
    • Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)

    Estruturas de pesquisa

    Unidades de pesquisa francesas

  • Ciências do oceano

    A estruturação da pesquisa científica marinha no Brasil ocorre no contexto atual de reconhecimento da importância do Oceano Atlântico tropical no "Ecossistema Terra". A pesquisa concentra-se em três áreas: o Atlântico tropical e o clima, a biodiversidade marinha e a biodiversidade terrestre.

    Quando se trata do tempo e do clima, a maioria de nós só pensa no que está acontecendo na atmosfera. Mas se ignorarmos o oceano, perdemos uma parte importante da realidade: é um dos principais motores das alterações climáticas e tem impacto no clima todos os dias. O observatório PIRATA pilota uma rede de boias meteorológicas e oceânicas que observam diariamente o oceano e a atmosfera no Atlântico tropical, permitindo previsões meteorológicas mais precisas e fornecendo monitoramento climático, com implicações importantes para os habitantes dos países costeiros circundantes. No Brasil, este monitoramento oceânico contribui, por exemplo, para prever a intensidade da estação das chuvas no Nordeste, um indicador chave para antecipar secas e especificar os riscos de eventos extremos, tais como chuvas torrenciais e as inundações que provocam, e torna possível limitar os impactos negativos para as populações locais. Para além destas questões sociais, o desafio é também participar no desenvolvimento da utilização de dados de satélite para observar o oceano no Brasil.

    O oceano e as espécies que o habitam são ainda um campo de pesquisa a ser explorado, especialmente no Oceano Atlântico tropical. Programas de pesquisa sobre a biodiversidade marinha levaram, por exemplo, à descoberta de novas espécies de crustáceos e à observação de peixes que se pensava estarem ausentes destas águas. O objetivo é obter um melhor conhecimento e compreensão da estrutura fisico-biológica desta parte do Oceano Atlântico, aspecto crucial para o desenvolvimento de cenários de conservação no contexto das alterações climáticas e ambientais em curso.

    Com mais de 8.500 km de costa e 4,5 milhões de km2 de Zoneamento Ecológico Exclusivo (ZEE), o Brasil abriga uma grande diversidade de aves marinhas e tem, portanto, uma responsabilidade na sua conservação. Embora os locais de aninhamento possam ter sofrido degradação passada e recente, tais como o desmatamento, a introdução de espécies exóticas e a poluição antropogênica, existem poucos programas de conservação de aves marinhas, que aninham e procriam principalmente em ilhas oceânicas (Abrolhos, Fernando de Noronha, São Pedro e São Paulo (SPSPA), Trindade/Martin Vaz e Atol das Rocas). Portanto, um dispositivo de pesquisa visa melhorar os conhecimentos sobre a ecologia das aves marinhas tropicais no Brasil e fornecer elementos concretos para a sua conservação.

    Palavras chaves

    Biodiversidades terrestre/marinha; Conservação; Mudança climática; Ocenao; Meteorologia; Impacto antropogênicos

    Principais parceiros brasileiros

    Universidades
    • Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
    • Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
    • Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
    • Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
    • Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
    • Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
    Serviços estatais
    • Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (INPE-CPTEC)
    • Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN)
    • Fondação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME)

    Estruturas de pesquisa

    Unidades de pesquisa francesas

La vie dans les villes satellites, situées en périphérie du centre urbain de Brasilia.

© IRD - Dominique Couret

Les populations ont continué d'affluer, encouragées par leur fort attachement à l'image de la ville idéale. Elles ont été contraintes de s'installer en périphérie du centre urbain, dans les espaces vides de cette agglomération en croissance (2004).

Desigualdades

As desigualdades no Brasil são um tema de pesquisa muito atual, na medida em que muitas populações são, ainda hoje, as "esquecidas" da inclusão social. Diferentes ângulos são escolhidos na ciência para abordar esta vasta e complexa questão: desigualdades socioeconômicas, de gênero, étnicas e de saúde. É de salientar que estas diferentes abordagens podem sobrepor-se, já que, muitas vezes, são interdependentes.

  • Desigualdades socioeconômicas

    O Brasil, a 12ª maior economia do mundo, tem também entre os mais altos níveis de desigualdades socioeconômicas. Embora 28 milhões de pessoas tenham saído da pobreza nos últimos 15 anos, 10% da população ainda vive em extrema pobreza, e os 5% mais ricos do país têm o mesmo rendimento que os 95% restantes.

    Uma das respostas a esta situação é olhar para trás perguntando: o que, nas estruturas e organização da sociedade de ontem, pode ajudar-nos a compreender o mundo de hoje e, portanto, as suas desigualdades? Este é o desafio de um programa de pesquisa que estuda a metrópole de São Paulo e questiona as mudanças na sua organização sócioespacial durante o século XX. A visão pluridisciplinar, mas também a reflexão sobre a metodologia das ciências sociais, bem como a origem das fontes, são dois aspectos que a pesquisa atual enfatiza.

    Outra causa desta situação pode ser vista na importância da economia informal, que emprega um grande número de pessoas (estimada em 13 milhões), e proporciona um modo de vida às famílias desfavorecidas que obtêm a totalidade ou parte do seu rendimento deste setor. Apesar da sua importância, o conhecimento da economia informal, no Brasil como em outros lugares, é ainda limitado. A fim de responder a esta falta, projetos de pesquisa são desenvolvidos para estudar este setor, as políticas públicas correspondentes e fornecer elementos concretos para os órgãos de decisão.

    Palavras chaves

    Desigualdades sociais; Economia informal; Políticas públicas

    Principais parceiros brasileiros

    • Universidade de São Paulo (USP)
    • Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

    Estruturas de pesquisa

    JEAI EX-MET

    Unidades de pesquisa francesas

  • Desigualdades de gênero

    No Brasil, como em outros lugares, as desigualdades de gênero são muito prevalecentes na sociedade. Para ilustrar esta situação, eis dois números: em 2018, 1 em cada 4 mulheres declarou ter sido vítima de violência; a paridade na política não é alcançada visto que as mulheres ocupam 15% dos lugares na Câmara dos Deputados e 12% no Senado. Neste campo, a pesquisa no Brasil centra-se na economia solidária e na agroecologia em uma perspectiva feminista, com o objetivo de compreender se estes movimentos, que permitem às mulheres ter acesso ao trabalho remunerado, podem ser considerados como alavancas de ação frente às desigualdades e em favor do empoderamento feminino, entendido como uma transformação radical das estruturas econômicas, políticas, jurídicas, culturais e sociais que perpetuam a dominação de acordo com o gênero, mas também com a origem étnica, classe ou idade.

    Palavras chaves

    Gender studies;  Agricultura sustentável; Agroecologia; Desigualdades de gênero

    Principais parceiros brasileiros

    Universidades
    • Universidade Federal de Viçosa (UFV)
    • Universidade de Campinas (Unicamp)
    • Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)
    • Universidade de São Paulo (USP)
    Sociedade civil
    • Sempreviva Organização Feminista (SOF)
    • Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM)

    Unidades de pesquisa francesas

  • Desigualdades étnicas

    O Brasil é um dos países onde as disparidades sociais se devem em grande parte à desigualdade de oportunidades e a um déficit de inclusão social. No Brasil, 3 em cada 4 vítimas de homicídio são jovens afrodescendentes; com o mesmo diploma de pós-graduação, uma pessoa auto-definida como "branca" ganha quase 1,5 vezes mais do que uma pessoa auto-definida como "negra". Ao examinar as manifestações destas desigualdades, a pesquisa em ciências sociais analisa a cultura popular e a sua patrimonialização, considerando-o um indicador das reivindicações de identidade "afro" e "indígena", e da delicada questão da integração destas categorias a nível nacional. Finalmente, a observação da evolução das políticas públicas em termos de patrimônio imaterial é um indicador dos desafios constitucionais e democráticos do Brasil contemporâneo.

    Palavras chaves

    Desigualades étnicas; Etnicidade; Patrimônio imaterial

    Principais parceiros brasileiros

    • Universidade Federal de Bahia (UFBA)
    • Universidade Fedral Fluminense, Laboratório de Historia oral e Imagem (UFF-LABHOI)

    Unidades de pesquisa francesas

    UMR IMAF

  • Desigualdades de saúde

    As desigualdades na saúde são expressas em termos de acesso aos cuidados e exposição aos riscos, particularmente os riscos vetoriais. O ambiente biológico e social, bem como as relações entre as sociedades e os seus ambientes, são elementos que nos permitem compreender e definir com maior precisão as desigualdades na saúde. Portanto, a pesquisa no Brasil procura compreender no tempo e no espaço a dinâmica de algumas doenças, tais como as arboviroses, e monitora o surgimento de doenças infecciosas, tais como a covid-19. Por um lado, a pesquisa sobre arboviroses no Brasil é realizada em áreas específicas de atenção, tais como o Distrito Federal, uma área recentemente urbanizada resultante da dinâmica de ocupação entre o planeamento moderno e o crescimento demográfico descontrolado. Por outro lado, o surgimento da pandemia de Covid-19 realça a importância do estudo de dados estatísticos complexos (big data) para a saúde pública e permite compreender os aspectos socioeconômicos e territoriais que favorecem o contágio, e avaliar os efeitos das políticas públicas.

    Palavras chaves

    Saúde pública; Desigualdades territoriais; Política pública; Prevenção

    Principais parceiros brasileiros

    Universidades
    • Universidade de Brasília (UnB)
    • Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
    Serviço estatal

    Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

    Estruturas de pesquisa

    LMI SENTINELA

    Unidades de pesquisa francesas

La forêt atlantique (mata atlântica) est un biome de type forêt tropicale humide localisé le long du littoral du Brésil. C'est un point chaud de biodiversité.

© IRD - Marie-Pierre Ledru

Projet TROPICOL : comprendre les impacts sur la biodiversité face aux grands cycles climatiques naturels.

Meio ambiente

Face às alterações climáticas e às pressões sobre o meio ambiente, uma melhor compreensão da dinâmica dos ecossistemas e a conservação da biodiversidade estão entre os principais desafios enfrentados pela ciência. No Brasil, o IRD desenvolve programas de pesquisa nesta área, com três focos principais: o estudo da zona úmida do Pantanal no contexto das alterações climáticas, o estudo da genética das culturas e de como otimizar os rendimentos de forma compatível com a proteção ambiental, e o estudo dos mecanismos dos climas antigos e o que nos dizem sobre as futuras mudanças climáticas.

  • Alimentar as pessoas protegendo o ambiente

    As plantas cultivadas acabam, por vezes, por ser vítimas de pragas, fenômeno com consequências negativas e mesmo devastadoras para os agricultores que perdem parte da colheita e, portanto, do seu rendimento. O remédio escolhido para lidar com esta situação é, ainda com demasiada frequência, a utilização de pesticidas e o seus efeitos nocivos para o ambiente e a saúde humana. Contudo, a evolução da legislação internacional sobre o uso de pesticidas, que visa reduzir a sua utilização, está levando a um aumento da procura de soluções alternativas sustentáveis para o controlo de pragas. Uma delas é a genética, que torna possível propor estratégias inovadoras para controlar as populações de pragas das culturas. Este campo de pesquisa, que tem sido desenvolvido no Brasil para algumas culturas com elevado impacto agronômico, é também objeto de cooperação entre países em desenvolvimento, como o Burkina Faso, para controlar pragas em pomares de manga.

    Palavras chaves

    Agricultura sustentável; Resistência; Pesticidas

    Principais parceiros brasileiros

    Universidades
    • Universidade Federal de Viçosa (UFV)
    • Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
    Serviço estatal

    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)

    Unidades de pesquisa francesas

    UMR PHIM

  • Mecanismos dos climas antigos

    Como vai ser o clima de amanhã? Para os pesquisadores que trabalham sobre estas questões, a resposta começa com o estudo de como era o clima no passado. No Brasil, os programas de pesquisa estão estudando variações climáticas antigas em grandes florestas tropicais, como a Mata Atlântica ou a Caatinga, bioma semiárido do Nordeste. A aquisição de conhecimentos nesta área, onde ainda faltam dados, representa um grande avanço no nosso conhecimento da evolução dos ecossistemas e da biodiversidade, e torna possível fazer previsões face às alterações climáticas em curso. Para este trabalho, são utilizados métodos de amostragem como a perfuração de núcleo para ter acesso e analisar sedimentos acumulados em alguns lugares específicos como o fundo dos lagos.

    Palavras chaves

    Meio ambiente; Clima passado; Mudanças climáticas

    Principais parceiros brasileiros

    Universidades
    • Universidade de São Paulo (USP)  
    • Universidade Federal do Ceará (UFC)
    • Universidade Regional do Cariri (URCA)
    • Universidade estadual do Ceara (UECE)
    • Universidade Estadual do Vale do Acarau (UVA)
    • Universidade de Campinas (Unicamp)
    Serviços estatais, sociedade civil

    Estruturas de pesquisa

    INCT IN-TREE

    Unidades de pesquisa francesas

    UMR ISEM

Restitution de terrain auprès des communautés Kayapo au Brésil.

© IRD

Les chercheurs se réunissent d'abord avec les chefs pour expliquer ce qui a été réalisé; ceux-ci organisent ensuite une reunion pour tous les habitants du village. La presentation des « résultats » se fait oralement et en communauté.

Ciência da sustentabilidade

No final do século passado assistiu-se à emergência de um novo campo científico, a ciência da sustentabilidade. Em primeiro lugar, caracteriza-se pelos temas e questões de pesquisa, diretamente ligados aos problemas do mundo de hoje. Enfrentar estes desafios é essencial para o nosso planeta e para a sobrevivência da nossa espécie, e é uma tarefa que requer olhar para o mundo em toda a sua complexidade, graças a uma pesquisa intrinsecamente transdisciplinar. Finalmente, significa também integrar a sociedade através da ciência participativa que inclui atores territoriais, da sociedade civil, decisores, cidadãos e o setor privado, como co-construtores de programas de pesquisa, e não apenas como potenciais beneficiários.

No Brasil, vários programas de pesquisa em parceria integraram esta abordagem, seja no campo das adaptações às mudanças climáticas, na agricultura através da valorização dos conhecimentos ancestrais, ou na luta contra doenças transmitidas por vetores em cooperação com os sistemas de saúde.

  • Se adaptar as mudanças climáticas, estratégias no Brasil

    Como as pessoas se adaptam às alterações climáticas e ambientais? As perspectivas de adaptação ajudam a reduzir o impacto sobre o meio ambiente e a diminuir a vulnerabilidade das populações frente a estas mesmas mudanças?

    O projeto INCT ODISSEIA "Observatório de Dinâmica Socioambiental: Sustentabilidade e Adaptação às Alterações Climáticas, Ambientais e Demográficas", tem como objetivo responder a estas complexas questões. Rede transdisciplinar e internacional, ele tem como âmbito de estudo os três principais biomas brasileiros: a Amazônia, o Cerrado – bioma que abriga a recém nascida capital federal – e a Caatinga, bioma semiárido do Nordeste.

    O primeiro passo é conhecer estes ecossistemas, incluindo as pessoas que vivem là, a fim de compreender as interações entre os humano e o seu ambiente, as dinâmicas sociais e ecológicas no trabalho, a organização institucional, as políticas públicas existentes, etc. É nesta base sólida que podem ser estabelecidos cenários prospectivos de mudanças futuras para o ambiente e populações, um primeiro passo para territórios mais resilientes.
    Para este fim, muitos atores estão envolvidos no projeto: instituições científicas, claro, mas também atores da sociedade civil como ONG especializadas e sindicatos, habitantes, e finalmente decisores. Graças a esta co-construção, o projeto procura não só formular cenários face às alterações climáticas, mas também promover a procura de soluções a partir de uma perspectiva participativa.

    Informações adicionais
  • Trabalhar com as populações locais nas planícies inundáveis da Amazônia

    Há muito que as planícies aluviais dos rios de águas brancas da Amazônia são locais privilegiados para o assentamento humano, por causa do solos férteis e águas ricas em peixe. Nas últimas décadas, o crescimento populacional e econômico sem precedentes perturbou a utilização dos recursos e comprometeu a manutenção das comunidades e da biodiversidade destes notáveis ecossistemas. As Barragens, o desenvolvimento de vias navegáveis, e a expansão da fronteira agrícola no contexto das alterações climáticas estão ameaçando cada vez mais a integridade dos habitats das planícies aluviais da Amazônia.

    O projeto BONDS "Balancing biOdiversity coNservation with Development in Amazonian wetlandS" (“Equilibrar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento na planícies inundávais amazônicas”) procura, portanto, desenvolver cenários prospectivos de biodiversidade que considerem estes fatores. Para tal, as equipes de cientistas estão trabalhando com populações locais, decisores e atores da sociedade civil em um processo de construção participativa, para permitir às populações e territórios serem mais resilientes face a mudanças futuras.

    Informações adicionais
  • Pescadores da Amazônia frente às mudanças climáticas

    Nas planícies inundáveis da Amazônia, a flora, fauna e comunidades humanas se adaptaram a uma onda de inundação anual que atinge uma amplitude de 7m perto de Santarém. Lá, existe uma rica biodiversidade e uma pesca altamente produtiva. Estudos recentes mostraram que estes recursos estão ameaçados pelas alterações climáticas e pela desflorestação devido à pecuária e à agricultura.

    O que pode ser feito? É isto que o projeto SABERES "Sustaining Amazon floodplain Biodiversity and fishERiES under climate change" (“Manter a biodibervidade e a pesca das planícies inundáveis diante das mudanças climáticas”) está tentando descobrir, implementando um sistema de gestão para preservar a biodiversidade e a pesca da planície aluvial do rio Amazonas face às ameaças. Aqui, a detecção remota, a modelação hidrológica, a pesca e a modelação de habitats, e o trabalho participativo com as comunidades ribeirinhas locais são combinados para desenvolver políticas e estratégias de conservação da biodiversidade amazônica e da pesca face às alterações climáticas. Pois neste sistema, a produtividade da pesca depende da integridade da biodiversidade associada às diferentes paisagens de florestas, savanas e lagos. Por conseguinte, esta ação deve necessariamente ser levada a cabo em um contexto comum, com estratégias desenvolvidas em parceria com as comunidades locais.

    Mais especificamente, o SABERES visa compreender os efeitos das alterações climáticas e dos regimes de inundações sobre os peixes, florestas e fitoplâncton, e avaliar a co-gestão das pescas, o reflorestamento das planícies aluviais e outras estratégias de adaptação às alterações climáticas. Considerando parâmetros sociais, econômicos e ambientais, cenários de biodiversidade estão sendo desenvolvidos para fazer previsões sobre os efeitos das alterações climáticas nos serviços dos ecossistemas, incluindo a produtividade da pesca e a qualidade da água.

    Informações adicionais
  • Geografia, Saúde e Ambiente

    Alterações climáticas, mudanças no uso e ocupação do solo, dinâmicas urbanas... todos estes são exemplos de fenômenos que modificam o nosso ambiente e a nossa relação com ele, com consequências para a nossa saúde. O LMI SENTINELA nasceu desta observação: para compreender certas doenças, é essencial considerar o espaço e como nós humanos o utilizamos.

    O trabalho de pesquisa realiza-se em parte nas fronteiras Brasil-Guiana francesa e Brasil-Colômbia-Peru. De fato, os contextos sociopolíticos dos territórios transfronteiriços, tais como as diferenças nos quadros legislativos e sistemas de saúde, tendem a aumentar a vulnerabilidade das populações e a dificultar a implementação de estratégias e políticas para o controle eficaz de doenças transmitidas por vetores, tais como a malária. Por conseguinte, para ter impacto nas políticas de saúde pública, é absolutamente necessário trabalhar em conjunto com os profissionais de saúde e os decisores, o que tem sido um dos principais focos do projeto desde o seu início.

    Informações adicionais
  • Gestão sustentável do babaçu

    O projeto de pesquisa sobre o Babaçu, uma palmeira comum a várias regiões da Amazônia, foi concebido para combater a erosão da biodiversidade através da aquisição de conhecimentos sobre a espécie e da mobilização da população. Em primeiro lugar, é evidente que enquanto algumas pessoas consideram esta palma como uma espécie prejudicial que deve ser eliminada, outras se beneficiam dela para o gado, como alimento ou como fonte de renda.
    A fim de gerir o recurso de forma sustentável, vários componentes precisam ser integrados. Primeiro, a detecção remota, que nos permite avaliar onde estão as palmeiras. Depois, vem o estudo da dinâmica da população, que visa prever como o recurso irá evoluir ao longo do tempo. Finalmente, um levantamento da população para compreender porque é que algumas pessoas estão eliminando a palmeira, quais são os usos tradicionais e comerciais, mas também o que é que esta espécie pode satisfazer. É esta combinação de atores que permite uma gestão integrada da palma de babaçu.

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    Ver o grupo ETRES da UMR ESPACE-DEV

  • Controlar o lixo: quando a ciência envolve-se no campus

    Como podemos reduzir a nossa pegada ecológica? Se esta questão está na mente de muitas pessoas, as soluções devem ser encontradas coletivamente e em todas as esferas da sociedade. Foi esta reflexão que levou à implementação do projeto de gestão de resíduos sólidos COOPERE, que visa tornar o campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em uma cidade modelo neste aspecto.

    Tudo começou com uma observação cidadã do professor Rômulo Menezes, coordenador do INCT ONDACBC: a Universidade produz 13 a 15 toneladas de lixo por dia, uma quantidade comparável a uma pequena cidade na mesma região. No entanto, a maior parte dos resíduos não é reutilizada nem reciclada, uma situação que se deve em parte à falta de informação entre os profissionais sobre as possibilidades de tratamento existentes.

    A experiência COOPERE inclui uma campanha de sensibilização dos utilizadores, uma área de compostagem, um sistema de coleta seletiva, um biodigestor que produz gás a partir de despejos alimentares, uma horta "inteligente", uma unidade de produção de biodiesel de baixo custo, projetos para a utilização de despejos da construção civil e pesquisa sobre processos térmicos. Estas ações têm múltiplas repercussões: uma redução do volume de lixo, claro, mas também a geração de rendimentos adicionais, a produção de energia limpa, a criação de oportunidades profissionais... para não falar de uma poupança estimada de 1 milhão de reais por ano (150 mil euros).

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  • GENgiBRe, Relação com a natureza e igualdade de gênero

    O projeto de pesquisa-ação GENgiBRe visa compreender a relação das mulheres envolvidas em agroecologia e movimentos feministas com a "natureza". É realizado em parceria entre o IRD - UMR CESSMA, a Universidade Federal de Viçosa (Brasil), o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM, Brasil), a organização feminista SOF (Brasil) e a Universidade de Toulouse (França).

    A agroecologia como prática feminina e feminista

    A agroecologia pode ser entendida como uma prática, uma ciência e um movimento social. Enquanto prática, ela aplica princípios ecológicos, tais como o respeito aos ciclos naturais e o uso de recursos locais, ao manejo de agro-ecossistemas. As agricultoras e os agricultores que praticam agroecologia têm uma relação holística e sistêmica com a natureza, visando harmonizar o funcionamento do agro-ecossistema através de sua intervenção. O trabalho das mulheres na agroecologia é associado a um papel social de care, significando que o trabalho das mulheres na agroecologia é parcialmente não remunerado e, como resultado, ainda em grande parte invisível, contribuindo para a reprodução das discriminações imbricadas de gênero, classe e raça.

    Estas técnicas e práticas agroecológicas têm também um significado político, que adquire uma nova dimensão diante dos conflitos ambientais, cuja intensidade está aumentando sob o efeito da expansão do capitalismo financeirizado e da mudança climática e ambiental global. O que está em jogo é tanto a defesa dos territórios de vida quanto o reconhecimento social, econômico e político das mulheres.

    O projeto GENgiBRe: uma pesquisa ação

    O projeto de pesquisa GENgiBRe “Relação com a natureza e igualdade de gênero. Uma contribuição à teoria crítica a partir de práticas e mobilizações feministas na agroecologia no Brasil”, visa compreender a relação que as agricultoras agroecológicas têm com a “natureza” e o papel que esta relação pode desempenhar em seu engajamento em defesa da sua visão de território e contra as discriminações. Coloca a hipótese de que esta relação com a natureza é limitada por relações de poder entrelaçadas (de gênero, classe, raça...), ao mesmo tempo em que alimenta o mundo vivido (experiência, percepção da natureza através de trabalho, práticas e técnicas) das mulheres agricultoras agroecológicas. Destes processos, pode, sob certas condições, surgir uma identidade coletiva, assim como práticas e mobilizações em defesa da território e contra as discriminações.

    No âmbito acadêmico, a originalidade da abordagem está no diálogo entre ciências sociais e ciências agrárias e ambientais e em nossa posição, na intersecção da academia com os movimentos sociais.

    Sobretudo, o projeto GENgiBRe se enquadra na teoria crítica ou ciência emancipatória: visa produzir conhecimentos que contribuam para as mobilizações sociais, neste caso feministas e agroecológicas, na intersecção entre a universidade, a sociedade civil organizada e os poderes públicos envolvidos neste tipo de transformação social.

    Áreas de atuação

    A pesquisa se concentrará em duas regiões do Sudeste do Brasil, o Vale do Ribeira (SP) e a Zona da Mata (MG), onde as instituições brasileiras parceiras desse projeto atuam, e que são regiões marcadas pela presença de importantes redes de agroecologia e organizações feministas, bem como de conflitos socioambientais.  

    Em cada região, cerca de 20 mulheres agricultoras serão convidadas a participar do projeto. Dois comitês locais de pesquisa também serão formados para discutir os resultados e as direções do projeto à medida em que ele for sendo implementado.

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Travail en réseau, Brésil

© IRD - Marion Disdier

Dans le cadre du Réseau franco-brésilien pour le développement durable de la région semi-aride du Nord-Est (ReFBN), une soixantaine de scientifiques du Brésil, de Tunisie et de France se sont réunis du 25 au 29 novembre 2019 pour des recherches de terrai

Formação

O IRD presta especial atenção à formação nos países onde esta presente. Assim, se existe capacitação através da implementação de programas de pesquisa (formação de estudantes pós-graduados, particularmente a nível de mestrado e doutorado, e além disso com estudos de pós-doutorado) contamos também com programas especificamente dedicados à formação: os Projetos Estruturantes para a Formação no Sul (PSF-Sud), e mecanismos locais PRINT em cooperação com a Coordenação para a Melhoria do Pessoal Sênior (CAPES).

  • PSF-Sud

    Os Projetos Estruturantes para a Formação no Sul (PSF-Sud) visam contribuir para a formação de estudantes, professores, pesquisadores, engenheiros e técnicos de países em desenvolvimento, para reforçar as políticas de sítios universitários no Norte e no Sul e as suas ligações mútuas, e para enriquecer os projetos de pesquisa do IRD ou os mecanismos de pesquisa em parceria (JEAI, LMI, GDRI-Sul) através da formação. No Brasil, dois desses esquemas estão em curso:

    • O PSF-Sud RECIMAR sobre a temática das ciência marinhas, ligado ao LMI Tapioca, com a UFPE e a UFRPE, e a implicação das unidades de pesquisa UMR MARBEC, LEMAR, LEGOS, LOCEAN
    • O PSF-Sud Arid sobre a temática dos recursos hídricos em zonas áridas e semiáridas, ligado ao GDRI-Sud Arid, com a UFC.
  • Programas de formação brasileiros

    No Brasil, a CAPES é um órgão do Ministério da Educação (MEC) que trabalha para a expansão e consolidação de programas de ensino e pesquisa a nível de mestrado e doutorado, especialmente através dos Programas de Internacionalização Institucional (PrInt), que visam estimular o desenvolvimento de planos estratégicos para a internacionalização da formação. Em cooperação com o IRD, existem:

    • O projeto CAPES PRINT CLIMATE sobre as mudanças climáticas antigas e atuais, em parceria com a UFF e a UERJ ; coordenadora na UFF Ana Albuquerque Spadano Luiza;
    • O projeto CAPES PRINT FEEDBACK sobre desigualdades de acesso a recursos hídricos por populações vulneráveis, na escala regional e internacional, em parceria com a UFF e a UERJ ; coordenador na UFF Bastian Knoppers
    • O projeto CAPES PRINT na UnB sobre a poluição de metais pesados na água, especialmente na caso da barragem de Brumadinho (MG) e na baía de Sepetiba (RJ), e os impactos ambientais e socioeconômicos; coordenador na UnB Jérémie Garnier.

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