Uma equipe transdisciplinar de pesquisadores das ciências sociais e ambientais acaba de concluir uma campanha nas proximidades de Santarém, na Amazônia brasileira. O objetivo? Reunir-se com atores do território a fim de discutir a pesca artesanal e os desafios que esta atividade enfrenta, através de um jogo sério.
Oficina 'Pesca Viva' na comunidade Cabeceira do Uruari, março 2022
© IRD, Héloïse Benoit
Conduzida no âmbito dos projetos BONDS e SABERES, a missão de campo na região do Lago Grande do Curuaí acaba de terminar. Durante dez dias, pesquisadores brasileiros e franceses realizaram oficinas nas comunidades ribeirinhas utilizando a modelagem de acompanhamento, uma abordagem participativa que se materializa na co-construção de um jogo sério, 'Pesca Viva', no qual as atores e atrizes locais são convidados a desempenhar seu próprio papel. O tabuleiro de jogo e os diferentes elementos presentes nele tentam reproduzir a dinâmica socioambiental do meio de forma fiel, embora simplificada, integrando o conhecimento dos pesquisadores, assim como das pessoas que moram lá, particularmente os pescadores.
As oficinas realizadas durante a atual campanha e nas anteriores permitiram aos participantes dialogar entre si e com os pesquisadores, e a cada pessoa compartilhar seu ponto de vista sobre o recurso a ser compartilhado. Cada jogo é naturalmente um momento de diversão e encontro, mas é também a oportunidade para jogadores se expressarem sobre o jogo: reflete o que está acontecendo na vida real? Isto dá às sessões um papel na confirmação ou negação da proximidade do modelo com a realidade, o que pode levar a mudanças nas regras do jogo ou na representação do sistema (por exemplo, mudar o tabuleiro de jogo para se adequar ao ambiente). A longo prazo, o objetivo é chegar a uma visão coletiva das questões e desafios a serem enfrentados para permitir uma gestão sustentável do território.
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A região do baixo Amazonas, especialmente as várzeas, têm sido há muito tempo centros de assentamento humano. Nas últimas décadas, o crescimento populacional e econômico sem precedentes influenciou o uso dos recursos e desafiou a capacidade do meio para sustentar humanos e biodiversidade na várzea e nos planaltos vizinhos. Além disso, a integridade dos habitats da planície de inundação da Amazônia está cada vez mais ameaçada por barragens, redes de navegação fluvial, expansão da fronteira agrícola e mudanças climáticas.
Neste contexto, os projetos BONDS e SABERES propõem desenvolver cenários de biodiversidade nas planícies de inundação do baixo Amazonas, combinando ferramentas de sensoriamento remoto, modelagem hidrológico, pesqueiro e de dos habitats com um trabalho participativo que integra atores locais, a fim de combinar a conservação da biodiversidade e das atividades humanas, particularmente a pesca, em um contexto de rápidas mudanças socioeconômicas e climáticas.
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