A rede "Patrimônio cultural Imaterial Afro-Ameríndio e Políticas Públicas na América Latina" visa estabelecer iniciativas que tenham impacto na disseminação do conhecimento, da história e das expressões do patrimônio imaterial afro-americano contemporâneo no contexto Afro-Ameríndios.
Todos os seminários da rede, bem como a bibliografia e os recursos audiovisuais relacionados aos diversos eventos e experiências de desenvolvimento do patrimônio na América Latina, podem ser encontrados nesta página.
A rede responde a vários objetivos. Pensar a intercambialidade entre experiências africanas e ameríndias na América Latina sob o ponto de vista patrimonial marca a originalidade da iniciativa, buscando enfatizar possibilidades de diálogos epistemológicos com os detentores desses patrimônios e a potencial diluição da dualidade pesquisador/detentor.
Refletir, também, sobre a potencia estética e artística dos patrimônios imateriais Afro-Ameríndios e questionar a sua apropriação artística contemporânea a luz dos segredos, muitas vezes religiosos, contidos nessas manifestações e dos seus respectivos planos de salvaguarda.
Outro ponto é buscar refletir sobre o boom de políticas públicas sobre a questão nos últimos 30 anos, seu impacto sobre as performances e a agência política dos detentores, bem como para a difusão do conhecimento sobre o tema através da construção de iniciativas digitais, bancos de dados, inventários e mapeamentos. Aqui estão alguns objetivos da rede.
Encontre os seminários embaixo

© Christine Douxami
Patrimônios Imateriais Afro-ameríndios e Políticas Públicas na América Latina, 2022
Os seminários da rede

9º Seminário
Na quarta-feira dia 8 de novembro, a rede de pesquisa dos patrimônios afro-indigéna apresentou as “Experiências e Criações entre tradições e contemporaneidades” e também o “Desenvolvimento e a persistência do garrote na Venezuela”, no seu 9o encontro.Participaram Juliana Manhães, Pesquisadora e Professora brasileira da Escola de Teatro UNIRIO, Michael J. Ryan, Professor americano Adjunto de Antropologia da Universidade de Binghamton.
Juliana falou da sua experiência como artista na criação de um show e Michael de um patrimônio imaterial na Venezuela chamado Garrote.

8º Seminário
No dia 27 de setembro, Monica Lacarrieu, doutorada em antropologia social e professora da Universidade de Buenos Aires, expôs as políticas de patrimônio imaterial no Rio de la Plata (Argentina/ Uruguai), com ênfase no funcionamento afro-ameríndio. Também a mestra Zélia do Prato, sambadeira de São Braz no Reconcavo Baiano, compartilhou sua experiência como mestra e como detentora de patrimônio imaterial.

7º Seminário
No dia 30 de agosto, Carlos Sandroni, professor na UFPE que foi responsável da patrimonialização do Samba de roda e recentemente do forró, abordou a questão dos "Sambadores e forrozeiros no reconhecimento patrimonial" e Catherine Bourgeois, pesquisadora belga do URMIS e do LMI MESO apresentou o "Gagá, afrodescendência e nacionalismo dominicano", uma celebração que ocorre às margens da Semana Santa na República Dominicana e é fortemente reprimida pelo Estado.

6º Seminário
O seminário do 12 de dezembro de 2022 contou com a presença da artista Luzmila Zerpa, da Venezula, que nos apresentou o Tamunangue, um patrimônio imaterial venezuelano, que consiste em 7 danças com uma arte marcial de jogo do pau preliminar. Também recebimos Aline Guerra, doutoranda na UFF e na EHESS, que falou sobre a Congada Mineira e seu processo em curso de patrimonialização.

O patrimonio imaterial do Tamunangue do Venezuela

© Luzmila Zerpa
Tamunangue do Venezuela

© Luzmila Zerpa
Tamunangue do Venezuela

© Aline Guerra
Patrimônio brasileiro, de Minais Gerais chamado ”Congada”

© Léa Servais
5º Seminário
No dia 8 de novembro, foi realizada a 5a palestra da rede de estudos dos Patrimônios Afro-ameríndios na América Latina presenciais no Unirio, Rio de Janeiro. Matthias Röhrig Assuncão da Universidade de Essex apresentou um projeto que visa entender melhor a emergência da “Capoeira Contemporânea” no Rio de Janeiro, pesquisando e reunindo material de várias fontes.

4º Seminário
Intervenção de Marcia Sant'Anna da Universidade Federal da Bahia e os peruanos Rosa Calchado e Luis Rocca do Museu Afro-Peruano de Zaña, Peru no dia 21 de outobro de 2022. Eles abordaram, respectivamente, a experiência de gestão do IPHAN para o setor do Patrimônio Imaterial e a dança afro-americana nativa chamada Baile Tierra, bem como a patrimonialização de Zaña.

Terceiro seminário
O 3º Seminário da Red Patrimônio Imaterial Afro-ameríndio na America Latina, aconteceu dia 15/09/2022
Contou com a presença de Roseane Pinto, da Universidade Federal do Pará, Brasil, responsável pela patrimonialização da manifestação paraense Marujada de Bragança, e com Alicia Castillo da Colômbia, uma das responsáveis pela patrimonialização do Machete y Bordon.

Segundo seminário
Patrimônios Imateriais Afro-Ameríndio e sua patrimonialização numa perspectiva comparada entre o caso especifico do Jongo/caxambu no Brasil e as diversas formas de patrimônios afro-ameríndio em Cuba
O segundo seminário da rede de Patrimônios Afro-Ameríndio na América Latina aconteceu dia 17 de Agosto de 2022. Foi a oportunidade de ter encontros com os pesquisadores cubanos Jesus Guanche e Suleidis Sanabria, e a pesquisadora brasileira Elaine Monteiro. O evento foi rico em trocas sobre a patrimonialização em ambos os países.

Mesa 3, Patrimônios Imateriais Afro-Ameríndios e políticas públicas na América Latina, 11.05.2022

Mesa 2, Patrimônios Imateriais Afro-Ameríndios e políticas públicas na América Latina, 10.05.2022

Mesa 1, Patrimônios Imateriais Afro-Ameríndios e políticas públicas na América Latina, 9.05.2022

© Pixabay
Réseaux sociaux
Mural digital
Como resultado da formação da rede e dos diferentes seminários que dão a oportunidade para cada pesquisadora e pesquisador apresentar seus trabalhos, esse mural digital apresenta as iniciativas de valorização de patrimônios imateriais Afro-Ameríndios por membros da rede, na América Latina. Estão presentes aqui manifestações do Brasil, da Colômbia, do Haíti, do Perú e da Argentina.
Para toda iniciativa, indicamos a(s) pessoa(s) que apresentou(aram) a iniciativa no âmbito de um dos seminários da rede. Esta lista não exaustiva será acrescentada à medida do progresso das reuniões da rede.
Projetos vinculados à Universidade Federal Fluminense (UFF)
Acervo do Laboratório de História Oral e Imagem, Labhoi
O Labhoi se define como rede de pesquisa que pretende ter em vista a pluralidade institucional, no Brasil e no exterior, da maioria dos seus integrantes. O laboratório está formalmente instalado como grupo de pesquisa na Universidade Federal Fluminense (UFF), na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e desenvolve projetos em três linhas de trabalho: Memória, Áfricas, Escravidão; Fotografia Arte, Mídias; Américas, Política, Comunidades.
Dentro do Labhoi, se estudam e valorizam vários patrimônios imateriais. Na linha de pesquisa “Memória, Áfricas, Escravidão”, cabe destacar :
- “Passados, Presentes. Memórias da escravidão no Brasil” apresentado por Hebe Mattos, Martha Abreu (UFF) e Keila Grinberg (Universidade de Pittsburgh). O tráfico atlântico de africanos escravizados para as Américas é considerado pela ONU como um crime contra a humanidade. O Estado brasileiro, nascido em 1822, teve responsabilidade direta nesse processo: da terrível travessia à violência da escravização em terras brasileiras. Apesar disso, a presença africana no Brasil deixou um legado cultural inestimável, hoje oficialmente reconhecido em diversos patrimônios do país, entre os quais o Jongo
- "Jongo/Caxambu: patrimônio negro no sudeste brasileiro. Sentidos do patrimônio e da salvaguarda", apresentado por Elaine Monteiro, da UFF.
- A iniciativa do festival internacional do filme de pesquisa “História pública da escravidão e liberdade”, apresentado por Hebe Mattos e Martha Abreu aberto a qualquer pessoa que realize pesquisas na área de ciências humanas e sociais sobre o tema do tráfico, da escravidão, suas memórias e legados, e que utilize o meio audiovisual para divulgar os resultados de sua pesquisa. Ele tem também como objetivo incentivar, divulgar e promover as produções filmográficas que abordem estas questões.
Identidades do Rio
O Projeto Identidades do Rio, apresentado por Martha Abreu tem como proposta refletir sobre a memória social e cultural do estado do Rio de Janeiro, considerando sua pluralidade, tomando a circulação e as trocas culturais, nas diferentes cidades e regiões, como questões-chave para pensar em novas bases a identidade estadual e para propor intervenções na área de preservação e educação patrimonial a partir da criação do Identidades do Rio. Neste site disponibilizamos instrumentos e acervos de pesquisa, informações e atividades para um público amplo que abrange pesquisadores, professores, educadores, alunos, agentes culturais e lideranças comunitárias.
Patrimonialização da Capoeira
A Roda de capoeira tem sido reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco em 2014. No website da organização, "a roda de capoeira é uma manifestação cultural afro-brasileira – simultaneamente, uma luta e uma dança –, que pode ser interpretada como uma tradição, um esporte e até mesmo uma arte. [...] É um lugar onde o conhecimento e as habilidades são aprendidas por observação e imitação. Também funciona como uma afirmação de respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos, além de promover a integração social e preservar a memória da resistência à opressão histórica."
Neste sentido, destacamos aqui algumas experiências que valorizam este patrimônio, as quais foram apresentadas durante o patrimônio:
- A experiência de patrimonialização da Capoeira e o site criado entre a Universidade de Essex, a UKRI e o Labhoi, foi apresentada por Matthias Assunção (Universidade de Essex). O crescimento fenomenal da capoeira pelo mundo afora criou a necessidade de mais informação fidedigna sobre sua história e suas tradições. Nesse contexto, o objetivo é levar informação apoiada em fontes seguras e de pesquisa.
- A experiência Capoeira dentro do Observatório do patrimônio imaterial do Sudeste foi apresentada por Mestre Paulo Kikongo, que se propõe olhar para essa “prática múltipla, com difícil definição, embora fácil de se reconhecer”, enquanto patrimônio cultural (reconhecimento da Roda de Capoeira na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade ocorre em 2014)
- Vivian Fonseca (FGV, UERJ) apresentou a experiência de Patrimonialização da Capoeira. Destacou a importância dos arquivos e do interesse de consultá-lo quando se fala de patrimônios imateriais. Nesse âmbito, o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) o qual nasceu com o objetivo de abrigar e produzir fontes documentais relevantes para a história do país.
Projetos vinculados à Unirio
Juliana Manhães (Unirio) e Zeca Ligiéro (UNIRIO, Decano do CLA, co-director do NEPAA) apresentaram experiência ligadas à Unirio:
- O Núcleo de Estudos de Performances Afro-Ameríndias (NEPAA) foi concebido para abrigar os estudos culturais afro-ameríndios iniciando no ano de 1998, valorizando tanto as performances sociais quanto as performances artísticas em suas relações com diversas comunidades e seus contextos históricos e políticos. Desde o início da sua existência como núcleo de pesquisa, ensino e extensão, na graduação e no Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas (PPGAC). Ao longo do período, a atuação do NEPAA ampliou-se ao privilegiar outras estéticas também não hegemônicas, organizando-se enquanto um Laboratório que agrega outros professores e seus respectivos trabalhos, abrindo espaços para pesquisa e criação de uma arte que se articula tanto com as tradições como com a contemporaneidade. O NEPAA pertence a rede do Instituto hemisférico, fundado com professores da NYU e de toda América Latina que conecta pesquisadores, artistas e ativistas| Redes sociais
- Produção audiovisual “Dona Mariana: a princesa turca da Amazônia”
- Ver também o Coletivo Matuba
- Através da ação de Regina Abreu, a Unirio também atua no Observatório do Patrimônio do Sudeste (ver embaixo)
Patrimônio Imaterial do Sudeste
O Observatório do patrimônio imaterial do Sudeste, foi apresentado por Regina Abreu (Unirio) que coordena o Observatório para a Unirio, Alexandre Pimentel (IFRJ), Joana Ramalho Ortigão Corrêa (RiSU/PPGSA/UFRJ), Mestre Paulão Kikongo (Unirio). É formado pesquisadores/as e observadores/as de diferentes áreas de conhecimento. O observatório acredita na apreensão do campo patrimonial por ângulos e perspectivas variadas, numa abordagem interdisciplinar. As pesquisas se realizam em universidades, centros de pesquisa, instituições patrimoniais, museus e também de forma autônoma movidos pela paixão pelo Patrimônio Cultural.
As pesquisas são feitas em rede, articulando o conhecimento acadêmico com o conhecimento tradicional – gestado por aqueles/as que efetivamente são os/as protagonistas do campo patrimonial: mães de santo, benzedeiras, devotos, congadeiros, foliões, romeiros, sambistas, cantadores e muitos outros sujeitos, cujos modos de existência enriquecem o viver em sua diversidade.
Dentro do observatório, cabe destacar
- O Fandango Caiçara, apresentada por Alexandre Pimentel (IFRJ), Joana Ramalho Ortigão Corrêa (RiSU/PPGSA/UFRJ). O fandango faz parte da vida social de comunidades caiçaras no litoral de São Paulo e do Paraná. É uma expressão cultural que envolve música, tocada com violas, rabecas, adufos; dança em pares e em roda, com sonoro sapateado feito com tamancos; e ainda improviso de versos. Sua prática é associada a diversão e socialização, em bailes ofertados como retribuição a mutirões de trabalho, em festas religiosas, no carnaval etc. Até os anos 1960, era mais comum no ambiente familiar e comunitário dos sítios. O reconhecimento do fandango caiçara como patrimônio brasileiro pelo IPHAN, em 2012, foi um desdobramento da atuação de uma rede constituída a partir do projeto Museu Vivo do Fandango e de encontros e festas de fandango que se intensificaram desde a virada do século. Esta rede patrimonial, formada por fandangueiros, grupos de fandango, associações culturais e pesquisadores tem como propósitos centrais incentivar a continuidade dos bailes e fortalecer a luta pelo direito das comunidades caiçaras ao seu território.
- A experiência do jongo foi apresentada por Martha Abreu, membro do observatório. Em 2005, o Jongo no Sudeste foi registrado como patrimônio cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional por reivindicação de comunidades jongueiras. O registro resultou do processo de articulação das comunidades e de valorização do Jongo/Caxambu nos Encontros de Jongueiros e na Rede de Memória do Jongo, criados respectivamente nos anos de 1996 e de 2000.
- A experiência Capoeira dentro do Observatório do patrimônio imaterial do Sudeste foi apresentada por Mestre Paulo Kikongo (ver descrição acima em "Capoeira").
Museu do Samba
O Museu do Samba (Rio de Janeiro) foi apresentado por Desirée Reis (Museu do Samba). É uma organização social criada para valorizar e difundir a cultura do samba em todas as suas dimensões. O museu acredita na importância da salvaguarda dos valores ancestrais e da necessidade de preservação dos espaços de prática do samba, como lugares de sociabilidade e transmissão de saberes tradicionais.
- Ver o filme “Programa de História Oral do Museu do Samba - Memória das Matrizes do Samba do Rio de Janeiro”
- Ver o Cartola, Centro Cultural
Museu Afro-digital Bahia
O Museu Afro-Digital da Bahia, apresentado por Livio Sansone (UFBA), pode ser entendido como um lugar democratizante em que se produzem relações de alteridade, construções identitárias, isto é, de reconhecimentos e pertencimentos locais, regionais e nacionais. Pela sua própria natureza, é também um dispositivo de acesso fácil, dinâmico, gerador de interatividade, que espelha o cotidiano e a cultura de diferentes grupos sociais, de minorias étnicas, de grupos marginalizados que se reconhecem por meio de valores, tradições, pertencimentos locais comuns, memórias individuais e coletivas. Enquanto espaço conceitual, o Museu digital é, portanto, um lugar privilegiado que visa estimular o uso da memória social de minorias étnicas, de movimentos sociais, de memórias nacionais.
Escravidão e Cultura Negra em Pernambuco
Walter França (Membro do comitê de salvaguarda constituído pelo IPHAN, Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco Sedu-PE) apresentou experiências de revitalização da cultura Afro no Pernambuco, como:
- O projeto de Laboratório de História Oral e da Imagem (LAHOI) da Universidade Federal de Pernambuco, conta com várias iniciativas como o “Inventário Sonoro dos Maracatus Nação de Pernambuco” (LAHOI, FUNCULTURA, AMANPE, Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco, Coco Produções) é uma ação de salvaguarda e preservação da diversidade musical existente entre os grupos de maracatus nação. O projeto gravou os diversos grupos de maracatus nação em atividade no estado de Pernambuco. Em meio ao processo de gravação, a equipe de pesquisa colheu dados para realizar um inventário sonoro dos maracatus propriamente dito, aplicando a metodologia desenvolvida pelo IPHAN, o INRC (Inventário Nacional de Referências Culturais).
Escutar : youtube.com/watch
Canal de Youtube do LAHOI
- O website “Lugares de Memória da Escravidão e da Cultura Negra em Pernambuco” tem como objetivo marcar nas cidades de Pernambuco, e específicamente Recife, os lugares de memória da escravidão, já que eles são, muitas vezes, pouco visíveis. Dessa forma, qualquer pessoa que transita pela cidade encontrará parcas referências à história da escravidão e da cultura negra na região metropolitana do Recife: a estátua de Zumbi na praça do Carmo, a estátua de Solano Lopes no Pátio de São Pedro; o memorial aos maracatus representando Dona Santa na praça defronte à rua Vidal de Negreiros, a Igreja de Nossa Senhora do Rosários dos Homens Pretos, alguns baobás plantados em praças na cidade, a titulo de exemplos.
Museu Afro-digital Rio de Janeiro
O Museu Afro-digital Rio de Janeiro (Mauricio Barros de Castro, UERJ) tem por objetivo construir um acervo digital e exposições virtuais sobre as práticas daqueles que se identificam a si mesmos ou são identificados como afrodescendentes. A criação da Galeria Rio de Janeiro parte da importância do cidade e do estado do Rio de Janeiro em termos de construção de uma memória para a população negra ou afrodescendente. Não só é uma referência histórica e cultural, como também reúne instituições como a Biblioteca Nacional, Arquivo Nacional, além de outras de ensino e pesquisa que vêm se dedicando ao tema. Busca-se, portanto, criar uma galeria digital, com perspectiva interdisciplinar, como espaço privilegiado para o encontro de diversos saberes sobre a chegada e permanência da população africana e de seus descendentes.
Folias de Minas e Iepha (Minas Gerais)
O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, Iepha-MG, é uma fundação vinculada à Secretaria de Estado de Cultura que atua no campo das políticas públicas de patrimônio cultural. Cabe ao Instituto pesquisar, proteger e promover os bens culturais de natureza material e imaterial de Minas Gerais, em parceria com os órgãos municipais e federal. O Iepha-MG, em sua trajetória, vem ampliando a escuta junto aos coletivos de cultura e às comunidades locais fortalecendo a participação no reconhecimento do patrimônio cultural do Estado.
André Araujo (Doutourando UFJF e Université de Franche-Comté) apresentou As Folias de Minas, manifestação cultrual registrada como patrimônio cultural de Minas Gerais desde 2017. Também denominadas ternos ou companhias, as folias são manifestações culturais-religiosas cujos grupos se estruturam a partir de sua devoção aos santos como: Reis Magos, Divino Espírito Santo, São Sebastião, São Benedito, Nossa Senhora da Conceição, entre outros. Geralmente, são formados por cantadores e tocadores, podendo apresentar personagens, como reis, palhaços e bastiões, que visitam casas de devotos distribuindo bênçãos e recolhendo donativos para variados fins.
A tradição, de origem ibérica, faz parte das celebrações mais antigas e difundidas no estado de Minas Gerais e no Brasil, e, ao longo dos anos, foi se tornando um componente de considerável importância na construção do imaginário, identidade e memória individual e coletiva dos mineiros. As Folias reúnem em torno de si diversas práticas culturais, saberes, formas de expressão, ritos e celebrações, representando uma parte importante do patrimônio cultural mineiro.
Grupo de Trabalho Emancipações e Pós-abolição em Minas Gerais
O Grupo de Trabalho Emancipações e Pós-abolição em Minas Gerais foi apresentado Livia Nascimento (UNIFAL) e Ana Luiza da Silva Morais (UFSJ). O grupo tem como proposta a promoção de ações, eventos e divulgação de pesquisas científicas relacionadas ao período do pós-abolição, cultura negra, religiosidades, bem como atuação de homens e mulheres negras e suas mobilizações em território mineiro.
Saiba mais
- “Emancipações e Pós-Abolição MG” é um canal YouTube, concebida como uma construção coletiva dos integrantes do Grupo de Trabalho Emancipações e Pós-abolição em Minas Gerais. As atividades realizadas pelo canal estão alinhadas ao posicionamento político e educacional antirracista. As atuações e discussões abordadas pretendem atender tanto pesquisadores como professores da rede pública, alunos, movimentos sociais e comunidade externa >> youtube.com/c/Emancipa
- Produção audiovisual, Dos grilhões aos guizos
- Perfil do Instagram
- Página do Facebook
- Sobre a manifestação cultural da Congada, assista o diaporama de Retratos da Festa do Reinado de Oliveira (MG)
Patrimonialização “Bumba meu Boi”, Maranhão
Izaurina Nunes (IPHAN Maranhão) conhece bem o caso da Patrimonialização do Boi.
O Boi da floresta foi apresentado por Talyene Melonio (UNIRIO, Mestra do Bumba meu Boi da Floresta) e Juliana Manhães (UNIRIO).
Carolina Martins (Universidade Federal do Pará, UFPA) realiza estudos sobre a patrimonialização do Boi do Maranhão.
O Bumba meu Boi do Maranhão é uma celebração múltipla que congrega diversos bens culturais associados, divididos entre plano expressivo, composto pelas performances dramáticas, musicais e coreográficas, e o plano material, composto pelos artesanatos, como os bordados do Boi , confecção de instrumentos musicais artesanais, entre outros. Em todo seu universo, destaca-se também a riqueza das tramas e personagens. O Complexo Cultural do Bumba meu Boi do Maranhão foi inscrito no Livro de Registro de Celebrações, em 2011. Em 2019, a manifestação popular recebeu da Unesco o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Saiba mais
- Produção audiovisual: Boi da Floresta, Boi da Floresta no Arraial Energia do São João, Boi da Floresta no Arraial do Largo de Santo Antônio
- Nas redes sociais : Instagram >> @boidafloresta e @talyenec_m
- Canal Youtube “Boi da Floresta de Apolônio Melonio
- Política e Cultura nas histórias do Bumba-meu-boi: São Luís do Maranhão-Século XX., Carolina Martins (2015) : A presença do bumba meu boi na cidade de São Luís do Maranhão tem sido registrada desde as primeiras décadas do século XIX. Alvo do controle da polícia no passado, entre proibições e permissões, os cordões de bumba foram conquistando, ao longo do tempo, seu espaço na cidade. Isto foi possível, em grande parte, devido à ação dos próprios brincantes, que souberam se utilizar de diferentes estratégias para que ocorresse uma maior visibilidade e, consequentemente, a valorização da brincadeira no estado, como se percebe atualmente. Nesse sentido, este livro apresenta as memórias e trajetórias de mestres e brincantes do Bumba meu boi de Pindaré, grupo formado na cidade de São Luís em 1960. Através destas memórias, é possível compreender momentos importantes da história social do bumba meu boi no Maranhão e a agência dos sujeitos sociais, envolvidos com esta manifestação, no processo de valorização da brincadeira.
- Sobre o Boi de Pindaré:
- Instagram: @boidepindare
- Álbum musical "60 anos do Boi de Pindaré" 2020
- Entrevista com Benedita Arouche, presidenta do Boi de Pindaré
Patrimonialização do Boi, Pará
Mauricio Costa (UFPA) realiza estudos sobre a patrimonialização do Boi do Pará.
Saiba mais
- Site do Festival Folclórico de Parintins, que mobiliza os fãs dos Bois mais conhecidos do Estado do Amazonas: o Garantido e o Caprichoso >> www.festivaldeparintins.com.br
- Site do Instituto Arraial do Pavulagem, que surgiu em função das atividades de um Boi bumbá de grande repercussão em Belém (Pará): www.arraialdopavulagem.wordpress.com
- Documentário sobre o Boi de Máscaras, manifestação cultural típica do município de São Caetano de Odivelas, Estado do Pará: www.curtadoc.tv/boi-de-mascaras
Chegança da Bahia
No âmbito da manifestação Chegança da Bahia, Rosildo do Rosario (Rede de Cheganças da Bahia, Mestre Chegança Fragata Brasileira) apresentou a Rede Chegança da Bahia, um o projeto que prevê a valorização, salvaguarda, resgate e celebração das Cheganças, patrimônio imaterial do Estado da Bahia desde 2019.
Pontos de Cultura
Licko Turle (UNIRIO/UFBA) apresentou a Rede latino-americana dos Pontos de Cultura,
Gilberto Gil, durante seu tempo como Ministro da Cultura (2003-2008) no primeiro governo Lula, fortaleceu muito o arsenal jurídico e administrativo do Brasil para a valorização do Patrimônio imaterial e criou o programa Cultura Viva. Assim, ele criou "pontos de cultura" (pontos de cultura 4204 de 2005 a 2014, segundo o site Minc) que permitiram o desenvolvimento de eventos culturais através de editais para projetos. Celia Corsino, ex-diretora de patrimônio cultural imaterial do IPHAN até abril de 2014, explicou em entrevista com Christine Douxami que existiam diferentes formas de ponto de cultura que podiam variar em termos de financiamento que recebem (60.000 reais por ano para pontos e 400.000 reais para pontão). De fato, há o Pontão de cultura, que também estava sujeito a editais, mas que só beneficiavam o patrimônio cultural imateriais com valores elevados em termos financeiros. Eles eram co-gerenciados pelo MINC e IPHAN. Havia também os Pontos indígenas administrados pela FUNAI, órgão responsável pela gestão das populações indígenas, e os Pontos de Bem Imaterial administrados pelo IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus).
O Brasil tem sido um dos países latino-americanos mais envolvido neste desenvolvimento do patrimônio imaterial na época, particularmente com sua política de Pontos de cultura, desenvolvida graças ao apoio brasileiro em outros países, particularmente na Colômbia. O Programa Ibero-Cultura Viva, assinado em outubro de 2013 entre os diferentes países latino-americanos no Panamá, desejava promover o intercâmbio entre os diferentes pontos de cultura instalados nos países. Licko Turle nos contou sobre a situação atual dos pontos de cultura na America Latina.
Marujada de Braganças, Pará
A Marujada de Bragança é uma manifestação cultural Afro-Ameríndia do Estado do Pará. Este caso de patrimonialização foi apresentado por Roseane Pinto, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que coordena o Inventário Nacional de Referências Culturais da Marujada de Bragança.
Patrimonialização do Machete y Bordon, Colômbia
A patrimonialização da manifestação Machete y Bordon foi apresentada por Alicia Castillo Lasprilla (Mestra). Essa manifestação faz parte do patrimônio Afro da região Cauca, no sul da Colômbia. A sua revitalização, em curso através de eventos e sensibilização, constitui uma reapropriação desse patrimônio por seus detentores.
Saiba mais
- Produção audiovisual: V Festival de Esgrima de Machete y Bordón
- Website em construção “Pro-Patrimonio Vivo Norte del Cauca Herencia y Patrimonio Ancestral Afro del Norte del Cauca”
- Vídeo: La magia de la esgrima
Danças tradicionais de Colômbia
Martha Ospina (Universidade distrital em artes, Bogotá) apresentou o Patrimônio Imaterial na Colômbia, mais especificamente relações entre as Danças tradicionais e o Patrimônio.
Patrimonialização Cultural no Haití
A Patrimonialização Cultural no Haití foi apresentada por Aimé Kesler (Fotógrafo, LADIREP, Université d’État d’Haïti, Comite nacional haitiano de cooperação com a UNESCO).
Saiba mais
- Inventaire du patrimoine immatériel d'Haïti, Inventário do Patrimônio Imaterial do Haiti
- Laboratório LAngages DIscours REprésentations, Linguagem, discurso e representações (LADIREP), Universidade de Estado de Haiti (UEH)
Patrimônio Afro na Argentina
Noberto Pablo Cirio (Universidade Nacional de la Plata, UNLP) apresentou a Catedra Libre de Estudios Afroargentinos y Afroamericanos da UNLP.
Patrimônio Afro-Ameríndio no Perú
Luis Rocca e Rosa Colchado do Museo Afroperuano (Vale de Zaña, norte do Perú) gerenciam o website Ritmos negros del perú, iniciativa que visa visibilizar a presença negra no país e as manifestções culturais que lá podemos encontrar. O projeto tem como notável resultado a longa metragem “Ritmos negros do Perú” a ser encontrada no site.
Patrimonialização em Cuba
A Patrimonialização do Palo Monte - Cuba
A Patrimonialização do Palo monte Dra. Suleidis Sanabria, Universidade de Estudios Internacionales de Hebei (República Popular de China) Patrimonialização do Palo Monte.
Jesus Guanche propôs uma seleção de textos com links para aqueles interessados nas questões do patrimônio africano em Cuba, no Caribe e nas Américas no arquivo embaixo.

Patrimônios Imateriais Afro-ameríndios e Políticas Públicas na América Latina, 2022
© Christine Douxami
Programa
- Dia 9 de Maio, 09 às 13h (UTC -3): Live nos canais YouTube do Nepaa e da Unirio Cultura e na página Facebook do IRD @O IRD no Brasil. Você receberá o link para conectar como orador/a na plataforma StreamYard em breve.
- Dia 10 de Maio, 9h às 12h (UTC -3): Presencial no CLA, Sala audiovisual, 4º andar da Unirio e nos canais YouTube do Nepaa e da Unirio Cultura e na página Facebook do IRD @O IRD no Brasil
- Dia 11 de Maio, 9h às 12 h (UTC -3), reunião de trabalho sem público, para compartilhar experiências e pensarmos possibilidades de projetos em rede.
Parcerias da rede
Parceiros iniciantes da Rede do Patrimônio Imaterial Afro-Ameríndio na América Latina:
Brasil
- Universidade Federal Fluminense (UFF),
- Laboratório de História Oral e Imagem (Labhoi), UFF et Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
- Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
- NEPAA: Núcleo de estudos das performances afro-ameríndias / Laboratório de História Social
- Universidade Federal da Bahia (UFBA)
França
- Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD)
- UMR Institut des Mondes Africains (IMAF)
- Université de Franche-Comté
Outros países
- Universidade de Essex (Reino Unido), experiência e site de Capoeira
- Universidade de Pittsburgh (EUA) / CLAS (Latin American Research Center) EUA
Outros parceiros
Brasil
- Universidade Federal de São João del Rey (UFSJ)
- Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
- Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ)
- Núcleo de Estudos Rituais e Sociabilidades Urbanas (RiSU) / Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA)
- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
- Faculdade Getulio Vargas (FGV ) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
- Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL)
- Universidade Federal do Pará (UFPA)
- Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) do Maranhão
- IPHAN Safeguarding Committee, Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco (Sedu-PE)
- Observatório do Patrimônio Cultural do Sudeste
- Museu do Samba, Salvador
- Museu Afro-digital do Rio de Janeiro
- Museu Afro-digital da Bahia
- Rede de Cheganças da Bahia
- Bumba meu boi da Floresta (Maranhão)
América Latina
- Universidade do Distrito em Artes (Bogotá)
- Universidade Hebei de Estudos Internacionais (República Popular da China)
- Ministério da Cultura de Cuba
- Universidade Nacional de La Plata (Argentina)
- LADIREP (Canadá)
- Universidade Estadual do Haiti
- Comissão Nacional Haitiana de Cooperação com a UNESCO
- Museu Afro-Peruviano de Zaña