Novo episódio em duas partes da série "Entre França e Brasil", o podcast de atualidades científicas franco-brasileiras do Consulado Geral da França em São Paulo (CGF-SP). Desta vez, falamos de alimentação na América Latina, desde os Andes equatorianos até a Argentina, com enfoque no Brasil amazônico e no segundo bioma brasileiro, porém menos conhecido: o Cerrado. Com as pesquisadoras Janaína Diniz (UnB) e Esther Katz (IRD, UMR PALOC).

Podcast "Entre França e Brasil", 2021

© Consulado Geral da França em São Paulo

O que é o patrimônio alimentar, como é construído e o que diz sobre as nossas sociedades?

Pertencendo à categoria de patrimônio imaterial, ou seja, conhecimentos, práticas, costumes, rituais comuns a um grupo de pessoas e transmitido de geração em geração, o patrimônio alimentar poderia ser considerado como a mais recente adição a esta família. De fato, é bastante recente nosso olhar sobre pratos, taças, copos, colheres e outros artefatos para ver o que preparamos e consumimos. Embora a academia seja um dos atores nesta reativação, está longe de ser o único, a começar por organizações internacionais (como a UNESCO e a integração de práticas alimentares como patrimônio imaterial da Humanidade), comunidades tradicionais, Chefes e Chefas de cozinha, sociedade civil, mas também autoridades públicas e o setor privado.

Na América Latina, a questão alimentar e, acima de tudo, uma questão de reconhecimento. A forma como a alimentação dos povos indígenas, comunidades tradicionais e afrodescendentes é considerada diz, por vezes, muito sobre a integração destes grupos na sociedade. Se em alguns casos esta alimentação é, total ou parcialmente, integrada aos sistemas alimentares nacionais, como é o caso do Peru, ela também permanece ignorada, levantando a questão de saber se podemos ou não falar de patrimônio.

Este podcast nasceu após a publicação do livro Patrimonios alimentarios en América Latina. Recursos locales, actores y globalización (2021).

Na primeira parte, Janaína Diniz, professora associada da Universidade de Brasília, e Esther Katz, antropóloga do IRD-UMR PALOC, comentam sobre seus cruzamentos entre a França e o Brasil e das trajetórias de vida e estudo que as levaram a trabalhar nas culturas alimentares.

Na segunda parte, segunda parte, fazemos uma viagem com dimensões latino-americanas, desde os Andes até o Cerrado, passando pela Amazônia brasileira, na busca do patrimônio alimentar. Valorizado na dieta nacional, invisibilizado ou modificado, as convidadas nós ajudarão a explorar a complexidade do tema.

Ir além

América Latina

Katz, E., 2020, "L’imaginaire du métissage et de l’autochtonie dans les gastronomies latino-américaines. Mexique et Brésil", In Csergo, J., Etcheverria, O. (ed), Imaginaires de la gastronomie, Chartres, Menu Fretin, pp. 131-151.
Brasil

Brasil

Katz E. 2021 (no prelo). “Alimentação e biodiversidade”, in Carneiro da Cunha M., Barbosa Magalhães S. & Adams C. (ed.), Povos tradicionais e biodiversidade no Brasil – Contribuições dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais para a biodiversidade, políticas e ameaças. Seção 8. Conhecimentos associados à biodiversidade, Sociedad Brasileira para o Progresso da Ciência.>>  cutt.ly/VmmZRUF

Na Amazônia brasileira

  • Emperaire L., Velthem L.H.V., Carneiro da Cunha M., Katz,  E., Santilli J., 2019, Sistema agrícola tradicional do Rio Negro, Dossiê IPHAN 19, Brasilia, IPHAN, 191 p. >> cutt.ly/smmZOus
  • Katz Esther, “Alimentação indígena na América Latina : comida invisível, comida de pobres ou patrimônio culinário ?”, Espaco Amerindio, 1, 2009 >> cutt.ly/1mhPDM5
  • Katz Esther, Moreira E., Fleury M., Robert Pascale de. "Valorisation des cuisines amérindiennes dans les Amériques : fêtes, foires et festivals", Vila Real, UTAD, 2016 >> cutt.ly/immG5UR
  • Katz Esther, "Alimentarse em uma pequena cidade amazônica: entre a urbanidade, o rio e a floresta", Goiânia (BRA) : Imprensa Universitaria (Diferenças - Universidade Federal de Goias (BRA)), 2017 >> cutt.ly/SmmHwBi
  • Emperaire L., Velthem L.H.V., Carneiro da Cunha M., Katz,  E., Santilli J., 2019, Sistema agrícola tradicional do Rio Negro, Dossiê IPHAN 19, Brasilia, IPHAN, 191 p. >> https://cutt.ly/smmZOus

Projeto Açaí'Ação

Cialdella, Nathalie ; Silva, Edfranklin ; Navegantes-Alves, Livia ; Diniz, Janaína Deane De Abreu Sá. "Açaí in the Amazon: diversity of tastes at the core of the coexistence of short and global chains" ECONOMIE RURALE (PARIS), v. 367, p. 61-78, 2019 >> cutt.ly/UmmHihx

No Cerrado

Projeto Biocerrado

  • Gueneau, S. ; Diniz, J. D. A. S. ; Passos, C. J. S. (Orgs.) . Alternativas para o bioma Cerrado: agroextrativismo e uso sustentável da sociobiodiversidade. 1. ed. Brasília: Mil Folhas, 2020. >> cutt.ly/0mmHaMi
  • Eloy, L. ; Gueneau, S. ; Nogueira, M. C. R. ; Diniz, J. D. A. S. ; Leme, A. ; Passos, C. J. S. "Alternatives durables pour le biome Cerrado: occupations et usages des territoires par les producteurs agroextractivistes". PROBLÈMES D'AMÉRIQUE LATINE, v. 4, p. 85-101, 2018. >> cutt.ly/wmmHf1D
  • Gueneau, S. ; Diniz, J. D. A. S. ; Mendonca, S. D.; Garcia, J. P. "Construção social dos mercados de frutos do Cerrado: entre sociobiodiversidade e alta gastronomia." SÉCULO XXI - REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, v. 7, p. 130-156, 2017. >> cutt.ly/XmmHliv

Janaína Diniz, Professeure Associée à l'Université de Brasília

© Janaina Diniz

As oradoras

Janaína Diniz é engenheira de alimentos pela Universidade Federal de Viçosa (1995), mestre em Logística e Organizações (2003), doutora em Ciências de Gestão - Logística e Estratégia (2008) pelo Centro de Pesquisa em Transportes e Logística (CRET-LOG), Universidade de Aix-Marseille e doutora em Desenvolvimento Sustentável (2008) pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília Atualmente é professora associada na Universidade de Brasília, campus de Planaltina. Sua pesquisa centra-se no desenvolvimento sustentável, organizações da agricultura familiar, cadeias produtivas do extrativismo vegetal não-madeireiro e cadeias produtivas da sociobiodiversidade e das energias renováveis, principalmente no Cerrado e na Amazônia, Brasil.

Esther Katz, chercheure à l'IRD, UMR PALOC

© UMR PALOC

Esther Katz é antropóloga, pesquisadora do IRD, ligada à Unidade Mista de Pesquisa (UMR) PALOC. Sua pesquisa centra-se na alimentação e nos usos e representações do ambiente. Trabalhou na América latina, na África e no sudeste da Ásia. No Brasil, participou do processo de reconhecimento do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (SAT-Rio Negro) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Animadora

Nadège Mézié é adida à Ciência e Tecnologia do Service de Cooperação e Ação Cultural do Consulado Geral da França em São Paulo, e antropóloga de formação. Ela é também a apresentadora do podcast "Entre a França e o Brasil" para promover a cooperação na Pesquisa no Brasil.

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