O simpósio internacional: “Os vazios da voz: a presença cênica em questão” com diálogos franco-brasileiros, aconteceu nos dias 29 e 30 de setembro na Unirio, Rio de Janeiro.
Esse simpósio propôs o debate em torno da atualidade e das limitações da noção de presença cênica, tendo como fio condutor o que à primeira vista pode parecer seu contrário, ora inquietante, ora estimulante: o vazio.
Contexto
O foco é a voz, compreendida em um amplo espectro de acepções, da manifestação vocal do(a)s intérpretes em cena até os escritos científicos e artísticos. Os vazios podem designar então uma lacuna na história e na teoria do teatro (que aponta para a necessidade de novas metodologias); um disparador para o trabalho vocal; a voz esvaziada de seu sentido semântico na cena ou ainda vozes que pairam no ar desprovidas de som com as quais os artistas se relacionam em seus processos de criação.
Se o vazio e a ausência são carregados de uma conotação negativa, tanto na vida cotidiana quanto na filosofia, eles subentendem uma dinâmica paradoxal entre plenitude e carência que pode ser fértil para pensar de outros modos a questão da presença cênica. Este foi o ponto de partida para convidar os(as) artistas e pesquisadores(a)s aqui reunidos(a)s a confrontar-se com os vazios da
voz.
Da mesma forma, uma parte das pesquisas que precederam a organização deste encontro se dedicava às relações entre voz e tecnologia, na filosofia e nas artes cênicas, estudando especificamente o impacto sonoro e estético da difusão remota da voz bem como do uso de microfones, vozes sintetizadas e outras gambiarras. Foi refletindo sobre os contornos desses regimes de escuta contemporâneos que a questão da ausência e do vazio se impôs ao grupo de estudo “Voz Aumentada” com um leve sabor de provocação: tentar pensar a voz diminuída, ora deixada sozinha, ora ausente de si mesma ou colocada à distância para entender melhor o que tecnologia digital pode fazer com ela.
Programa

© Unirio
Este evento se caracterizou igualmente pelo encontro de duas redes de pesquisadores(as): uma ligada aos estudos da presença e outra às práticas e aos estudos da voz em cena.
Construído num contexto franco-brasileiro, o evento aconteceu nas duas línguas, os intraduzíveis bem como as diferenças e semelhanças entre os contextos culturais singulares do Brasil e do França foram acolhidos portanto e encarados como um terreno propício para a reflexão.
Christine Douxami (IRD IMAF) participou da mesa redonda “Dos vazios de si através da voz” apresentando “A voz do transe para que ator?”. Ela também fez a mediação da mesa redonda “Dos impasses da voz impressa”.
O objetivo era fazer desta interseção entre as artes cênicas e a filosofia pop um parque de obras, de ações, de conceitos e, por que não, também de diversões para questionar a voz, o vazio, a ausência, a presença e o acontecimento no palco.