Ariane Koch-Larrouy é pesquisadora do IRD, UMR LEGOS, desde 2009. Sua pesquisa em oceanografia física visa compreender o papel do oceano no clima e nos ecossistemas. Ela trabalhou principalmente nas "misturas" do oceano, induzidas por diferentes fatores, tais como marés ou correntes, em suas propriedades. Com o lançamento da campanha marítima AMAZOMIX, olhamos para a sua trajetória no IRD desde os mares indonésios até o Brasil.

Ariane Koch-Larrouy chercheure à l'IRD, Mercator-Océan
© IRD, Mercator-Océan
É no ano 2009 que começa a trajetória no IRD, UMR LEGOS, de A. Koch-Larrouy. Uma entrada colorida, já que desde o primeiro ano ela administra uma campanha de coleta de dados com o objetivo de medir as ondas internas da maré para tentar entender onde terminam seu curso, uma expedição chamada INDOMIX, 'o irmão mais velho do Amazomix', ela nos confia.
Entusiasmados com os resultados desta primeira missão, uma nova está sendo preparada na mesma região para ir mais longe nas medições e na integração transdisciplinar. Mas por várias razões, esta campanha in-situ não viu a luz do dia, o que a levou a mudar seu 'laboratório de experiência'; como ela mesma diz: "Encontrei Arnaud [Bertrand] que veio até mim com uma pergunta de pesquisa semelhante, mas desta vez no Brasil", ela nos conta. Foi colocada a pedra fundamental para a AMAZOMIX.
5 anos de preparação
Embora o projeto tenha começado em 2016, foi somente em agosto de 2021 que os cientistas realmente embarcaram no Antea, um navio oceânico da Frota Oceânica Francesa, em Caiena. A pesquisadora explica: "É preciso tempo para reunir as equipes. Neste caso, um ano foi suficiente porque já havia colaboração graças ao Laboratório Conjunto Internacional (LMI) Tapioca e outros projetos anteriores. A campanha deveria ter começado em 2019, então a adiamos para 2020. Foi aí que a covid-19 caiu sobre nós! Não podíamos fazer nada, tivemos que adiar para o ano seguinte"; antes de acrescentar "Os dois anos extras não foram demais! Para montar uma missão como esta, você precisa usar quatro ou cinco chapéus, além do de pesquisador.
Durante este período não previsto entre 2019 e 2021, a equipe assumiu a tarefa de buscar especialistas em disciplinas que ainda não estavam representadas no projeto, de modo que hoje existem mais de 70 cientistas internacionais, dos quais apenas cerca de 17 entrarão a bordo do Antea. "Podemos dizer que temos uma continuidade transdisciplinar entre a física, a biogeoquímica e a biologia", diz o cientista. Graças às habilidades combinadas a bordo e em terra, a AMAZOMIX será capaz de cumprir sua missão: explorar a plataforma amazônica e a encosta continental para estudar o impacto das correntes de fina escala, a pluma amazônica e as famosas ondas internas das marés na estrutura e funcionamento dos ecossistemas marinhos.
AMAZOMIX no dia-a-dia
Como funciona uma campanha científica no mar? A bordo, a tripulação é mista, entre cientistas e marinheiros, e as medições são realizadas de acordo com estações definidas antes da partida, mesmo que o inesperado seja um fator essencial nestas expedições. Para isso, a equipe no mar pode contar com o apoio da equipe em terra, liderada por A. Koch-Larrouy: "A equipe no mar pode contar com o apoio da equipe em terra. Koch-Larrouy: "Diariamente, sigo a rota do barco e tento entender as condições ambientais para ver se o que foi planejado é viável, ajudo a resolver problemas técnicos, como a falta de internet há alguns dias... Ou: no outro dia vi uma imagem de satélite com uma "mancha" de clorofila na superfície, e sabemos que este é um bom indicador para dizer que neste lugar poderemos medir a mistura de águas que está no centro da campanha. Para mim, foi uma grande alegria ver esta imagem, mas ao mesmo tempo significa que o barco tem que mudar seu rumo...
Entre as restrições do mar estão aquelas inerentes à coleta de dados in-situ: os 9 cientistas a bordo têm que lidar com 20 disciplinas, o que significa colher amostras regulares durante horas a fio, uma condição sine qua non para sua validade. De acordo com A. Koch-Larrouy: "É um verdadeiro desafio: mesmo com uma equipe muito eficiente, não há tempo e pessoal suficientes para tomar todas as medidas: temos que nos revezar no convés enquanto outros estão dormindo ou comendo... Qual destas medidas é mais importante? Neste caso, eu tomo a decisão com Arnaud.
Após a campanha
Uma vez acabada a euforia e o cansaço da campanha, os pesquisadores se dedicarão a uma longa análise dos dados, com boas perspectivas de cooperação científica, particularmente entre a França e o Brasil. Por exemplo, os dados biológicos serão estudados nas universidades parceiras brasileiras (UFRPE, UFPE, UFPA, UFBA, UFRJ), o que envolverá necessariamente uma excelente comunicação entre as equipes.
"De minha parte, estarei vindo ao Brasil em missão, e outros colegas também estarão fazendo a viagem. É essencial conhecer uns aos outros, para que todas as disciplinas possam trabalhar em conjunto com um ponto de vista transdisciplinar, onde os biólogos popularizam para físicos e biogeoquímicos, e vice-versa", explica A. Koch-Larrouy.
O programa inclui várias viagens em ambas as direções: estudantes de tese, pós-doutorandos e cientistas seniores viajarão para a França, enquanto outros cruzarão o Atlântico na direção oposta à terra no Brasil.
Grandes encontros e avanços científicos de ponta estão em perspectiva!